Mulheres e cantadas na rua: rir ou chorar?

Que o povo brasileiro é extremamente criativo, não é nenhuma novidade. Piadas, comparações e deboches reinam no meio social.
Os homens, então, se superam a cada vez que resolvem soltar uma cantada engraçadinha. É muito pouco provável que uma mulher, nesta terra de meu Deus, nunca tenha sido comparada a um pão ou, até mesmo, a um avião. De onde surgiu isso? É um bom mistério a se desvendar.

Gente, por que raios ainda existem cantadas do tipo:
" Nossa, você é modelo? Porque você não anda, só desfila!'' e '' Me chama de cimento e me joga no muro!" Pelas barbas de Matusalém, isso é mais velho e mais sem força que teu avô.

Muitos homens ainda devem pensar que essas proezas, de alguma maneira, vão tocar o coração de uma mulher.
Boas notícias! Tocam., gente! Foi comprovado que tocam sim!
Mas tocam das maneiras mais asquerosas que existem na face da Terra. É um absurdo que pouco nos permite rir.

Para alertar os engraçadinhos de plantão, o Kibesurdo resolveu tentar externar o que algumas mulheres sentiram ouvindo cantadas machistas através de hashtags.


Daiany Varella, de 20 anos, conta que um ex vizinho se aproximou dela sorrindo horrores e mandou: ''Sua lindinha, um dia eu caso contigo!''
 Ela relata não ter achado a mínima graça, além de ter sentido medo.
"Eu era muito nova, fiquei passada. Não tinha ninguém a nossa volta pra achar engraçado, não é possível que ele pensou que eu fosse achar''.

Daiany Varella, por Larissa Corrêa

É melhor nem decifrar a hashtag dela. Trata-se de uma ordem bem direcionada!!!

A Aline Janaue, coitadinha, foi comparada à maionese Hellmann's. Hoje, com 24 anos, ela conta rindo o que o dito cujo falou. Aí vai:  ''Você parece uma Hellmann's... a verdadeira gostosa!''

                                                  HEIN?!?!  

Abrindo os parênteses da indignação: mano, que piada mais infeliz!
Aline nem deu atenção quando ouviu, mas depois passou um bom tempo tentando entender se ele realmente achava que assim ia seduzir alguma mulher, porque para ela não fez sentido algum. Então, ficou aqui o recadinho da Aline para o tal rapaz super malandrão:

Aline Janaue, por Larissa Corrêa

Enquanto andava pela rua, Yanny Alves recebeu até parabéns. Pelos seus 21 anos? Não, pelo seu corpo. Que péssimo, né? O cara perguntou seríssimo se ela estava fazendo aniversário, para então dar os parabéns com um olhar... ''Nojento. Isso que foi! Nojento! Fiquei com vontade de vomitar nele e
angustiada, sem falar nada, por medo de uma agressão física. Ah, se eu pudesse partir pra cima!''

Ei, você que ainda chama a mulher de sexo frágil: Dorme com esse barulho!

''Minha resposta? Só não pra você'', diz Yanny, indignada.

Yanny Alves, por Larissa Corrêa

A Lívia Andrade, de 23 anos,  no meio da chuva foi surpreendida por um vendedor. Deprimente. ''Nada pode estar tão ruim que não possa ainda piorar. Eu passei,ele me chamou de linda e ainda pediu pra segurar no guarda chuva  dele. Mereço?''  Segundo ela, naquele momento seu olhar disse o que foi estampado nesta placa:

Lívia Andrade, por Larissa Corrêa

Não teve graça!

Mulheres não são objetos e nem palhaças para merecerem tratamentos ridículos a estes níveis. É indispensável que continuem lembrando e defendendo isso todos os dias.
O espaço é o mesmo pra todos. Os direitos são iguais.

Homens de plantão: se vocês leram e tinham comportamentos parecidos, não vão continuar, né? Não é por ser homem que você precisa ser machista.

Assiste aí o recadinho consciente do Kibesurdo.

https://www.youtube.com/watch?v=D4UkH4QPQ_c&feature=youtu.be

Não ao machismo! #Kibesurdo!